Roqueiro CJ Ramone, pai de um filho com autismo

Liam, filho autista do roqueiro CJ Ramone

Há 14 anos, CJ Ramone ficou diante decisão mais difícil que já encarou: manter a vida de punk rocker e tudo que ela agrega (estilo muitas vezes regado a sexo, drogas e rock and roll), ou mudar e encarnar a responsabilidade de se tornar um pai de família. Decidiu pela segunda. E hoje, com três filhos entre 3 e 14 anos de idade, ele não se arrepende. “Definitivamente é mais difícil ser um pai”, afirma Christopher Joseph Ward, que ganhou seu sobrenome artístico ao tocar baixo na seminal banda de punk Ramones de 1989 a 1996.

A decisão, contudo, não impossibilita totalmente a vida de roqueiro. O importante é não ficar muito tempo longe de casa.

Turnês com poucos dias para descanso (dois) remetem ao início de carreira, com muita disposição e pouco dinheiro. “Não é assim que eu prefiro fazer turnê. Gosto de ter tempo para visitar os lugares, mas é muito difícil ficar longe dos meus filhos”, explica o baixista da casa onde mora, em Nova York.

A responsabilidade de ser pai precisou falar mais alto para CJ no início dos anos 2000. Quando o baixista Jason Newsted saiu do Metallica, CJ foi convidado duas vezes por Lars Ulrich, baterista e um dos fundadores da banda, para integrar o grupo. E o músico, um sujeito acostumado a receber convites de megabandas (foi de fã a baixista do Ramones, substituindo Dee Dee Ramone), precisou dizer não. “Foi Johnny (Ramone) que fez a ponte, mas meu filho mais velho tinha acabado de ser diagnosticado com autismo”, explica, sem arrependimento na voz. “Hoje, se você encontrá-lo, não vai notar sintoma de autismo. Ele gosta de história, como eu”, completa o pai, orgulhoso.


Primeiro disco solo

Na ativa há quase três décadas, CJ Ramone estreia só agora com um disco solo. E o nome foi inspirado nas histórias que lia na época, sobre os Cavaleiros Templários e as Cruzadas do século 12. O baixista escolheu batizá-lo de Reconquista, em espanhol (cujo significado é o mesmo em português).



“Cresci no Queens [em Nova York] e lá convivia com muita gente que falava espanhol”, justifica. A ideia por trás disso é simples: reconquistar o próprio espaço e reafirmar o nome. “Eu tenho muito orgulho de ser um Ramone. Mas nunca tinha deixado isso claro em um disco”, disse. “Uma vez Ramone, não dá mais para sair. Muita gente costuma perguntar se considero uma maldição, mas não, eles foram lendários. Eu era um superfã. Se não fosse por eles, ninguém saberia do meu disco [risos]”.

O álbum reúne 12 canções, sendo 11 delas uma reunião de pensamentos e ideias de CJ durante os sete anos que esteve na banda de punk. Apenas uma, a delicada “You’re The Only One”, é dedicada para a filha mais nova, de 3 anos.

Na ativa novamente, CJ diz estar insatisfeito com o punk rock atual e se mantém fiel apenas a alguns grupos do underground, como os norte-americanos Street Dogs. Sua esperança no gênero, no entanto, não morreu. “É difícil analisar isso. Claro, existem algumas bandas que querem ter esse som retrô, mas o punk não é isso. O encanto ainda está vivo, lá no fundo, onde existe frustração, inquietação. Isso nasce na juventude. O punk está nos adolescentes que sentem essa inconformidade. Eles podem não se expressar com o punk rock, mas o espírito está lá.”

Fonte: http://rollingstone.uol.com.br/

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